Pergunto-me se não se poderia reformular o binómio “honestos cidadãos e bons cristãos” para o qual tende a educação salesiana, segundo Dom Bosco, para “cidadãos solidários, porque são bons cristãos “.
(Pascoal Chavez Villanueva, SDB, 2001)

O sistema tradicional de educação tem deixado de ser referência para ler e dar significado à realidade e à existência. Os meios de comunicação adiantam transformações culturais que incidem na área comunicativa e educativa da sociedade.
Crianças, adolescentes e jovens têm acesso à modernidade não apenas pelo livro mas, sobretudo, a partir de formatos e géneros resultantes das indústrias culturais do audiovisual. Neste contexto, as pessoas vão substituindo a experiência “em carne e osso” pela experiência virtual. As circunstâncias históricas, sociais, políticas, económicas e culturais, que estamos a viver caracterizam-se, por um lado, pelos processos de globalização em marcha, e, por outro, pela concentração de riqueza em alguns e, consequentemente, o empobrecimento de outros, que são sempre a maioria. Isto acontece tanto ao nível das nações, como das pessoas. É o fenómeno da globalização. Isto explica a advertência de João Paulo II quando diz: “a globalização não deve ser uma nova versão do colonialismo”.
A globalização é positiva, enquanto favorece a intercomunicação dos povos. Torna-se catastrófica quando permanece ao serviço da economia e faz tábua rasa sobre os diversos estilos de vida e culturas, apagando todo o tipo de fronteiras. Isso está a gerar um novo modelo antropológico: o homem económico, que tem como centro a economia, juntamente com um individualismo exacerbado e uma competição desenfreada pelo ter sempre mais e a qualquer custo. Isso traz desafios ao sistema educativo que tem como meta o homem solidário:

• Educar para uma sociedade de produção que seja justa, equitativa e democrática;
• Educar para o trabalho e o consumo;
• Formar para uma cidadania ativa local, nacional e mundial;
• Educar para uma convivência solidária e ética;
• Formar para a cooperação e a tolerância;
• Oferecer instrumentos para reforçar a identidade cultural, aberta ao pluralismo e às trocas culturais;
• fomentar a educação ambiental;
• Crer na educação como um dos fatores mais importantes para a promoção da saúde e prevenção de drogas;
• Educar para os afetos e para o exercício da uma sexualidade responsável;
• Tornar viável a aquisição de habilidades de compreensão, análise, reflexão, crítica e criatividade;
• Levar em consideração a cultura digital e virtual da comunicação e desenvolver competências comunicativas;
• Capacitar para a identificação do pensamento único que se pode instaurar com a hegemonia das empresas de telecomunicações.